terça-feira, 5 de julho de 2011

Valdir do Carmo

SE CRISTO VOLTASSE ASSIM


E se o dia de amanhã, amanhecer diferente
Como pensa muita gente,
Tomado por uma chuva como nunca fora antes.
E se no meio da tempestade, ele reaparecer
Todo molhado sem nada nas mãos,
No corpo, só uma velha toalha e os pés descalços.
Caminhando por essas ruas imundas, calado...
Bem diferente daquele que todos esperavam.
Sem os cabelos louros e os olhos azuis e a pele não tão clara
Como suas simples palavras.
Será que vocês vão nele acreditar?
Eu acho que não...
Logo vocês que só gostam de andar engomados
Da ponta dos pés até a cabeça
Falando um bando de asneira, sem pé nem cabeça
Talvez pelo pouco pensar, com tamanha safadeza
Pensando que vão nos amedrontar.
Mas, quando ele olhar bem dentro dos seus olhos
Com seus grandes olhos negros como uma noite sem luar
Vocês não vão saber como negar
Então ele passará a falar
Dizendo ele ser o filho de Deus.
Que veio para almas perdidas pescar:
“Eu, o filho de Deus... o Salvador...
Vim trazer a paz e o amor, compaixão...
Já é o fim do sofrimento, já é hora do perdão
Porque, somos todos irmãos.”
Sem nenhum cuidado, com desprezo e humilhação,
Então, vocês vão olhar para o pobre coitado,
Como aqueles que dizem ser servos de Deus
Mas não são...
Agora, respondam sem amarração
Seguiriam um pobre homem que não fala
Em guerra nem em bens materiais
E sim na paz?
Diga-me, bando de mercenários ordinários!
Que só vão a casa de Deus
Em busca de um bom salário e
Gritam como loucos com tamanho absurdo
Como se Deus fosse mudo e surdo.

Pois, eu vos digo com a maior das certezas
Sem nenhuma asneira
Que todos vocês vão erguer suas cabeças
E vão blasfemar sem compaixão
Como fazem aqueles que dizem ser retos
Diante de um ladrão:
“Vejam irmãos, este... Este miserável
Que aqui está mal vestido e
Com os pés descalços, cabelos enrolados
Diz ele ser o filho de Deus! O Salvador...
Deus nunca mandaria o seu filho assim, impostor!
Aqui ninguém vai te escutar
Você não passa de um... um charlatão
Vai em outros corpos as almas roubar filho do cão.”
Então, o homem que não tem cabelos louros
Nem olhos azuis e a pele não tão clara
Como vocês esperavam
Olhará para o céu com um riso preso no rosto,
Depois para vocês, cheio de desgosto
Sem esconder o que há por trás do olhar
E com palavras simples dirá:
“Eu não sou como os olhos de vocês esperavam
Não trago belas roupas no corpo
Nem prata nem ouro... mas trago a verdade...
No mundo do meu pai
Tudo isso não passa de pura vaidade.”
E assim como em tempos idos,
Mais uma vez, vocês vão rir, xingar, gargalhar,
E depois sem dó e piedade o matará.

Valdir do Carmo

Um comentário:

Anônimo disse...

Há tempos não leio
nada tão ruim.